Fausto Silva: entenda como funciona o transplante de coração

Transplante de coração: no Brasil, a fila de espera é única por estado ou região, com monitoramento pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT)

Apresentador está sob cuidados intensivos por conta do agravamento de um quadro de insuficiência cardíaca

O apresentador Fausto Silva, 73 anos, vai precisar de um transplante de coração para sobreviver ao quadro de insuficiência cardíaca que enfrenta desde 2020. A notícia foi divulgada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, onde ele está internado desde 5 de agosto. O boletim médico informa que Faustão encontra-se sob cuidados intensivos e, em virtude do agravamento do quadro, há indicação para transplante cardíaco. Por causa dessas condições, ele será priorizado na lista de espera. 

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As notícias sobre a saúde do apresentador levantaram muitas dúvidas sobre o sistema de transplantes no Brasil. Como funciona a fila do transplante? Como são feitas as cirurgias? Quem pode doar ou receber órgãos?

De acordo com informações do Ministério da Saúde, o Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população por meio do SUS, responsável pelo financiamento de cerca de 88% dos transplantes no país. 

Apesar do grande volume de procedimentos de transplantes realizados, a quantidade de pessoas em lista de espera para receber um órgão ainda é grande. O ministério informa que mais de 65 mil pessoas estão na fila de transplante de órgãos no Brasil.  Destas, 386 estão atualmente à espera de um coração. 

Quando é indicado o transplante cardíaco

O transplante cardíaco só é recomendado aos pacientes quando outras opções de tratamento tornam-se ineficientes, conforme explica o Dr. Luis Fernando Tirolli Sanches, cirurgião cardiovascular da equipe de Transplante Cardíaco da Irmandade da Santa Casa de Londrina e responsável pelo ambulatório de Insuficiência Cardíaca e Miocardiopatias da mesma instituição.

Segundo ele, na maioria das vezes, a indicação de transplante ocorre nos casos de insuficiência cardíaca em que o paciente está muito sintomático e já foram tentadas todas as soluções terapêuticas, tanto fármacos como dispositivos implantáveis. 

“Se está com insuficiência cardíaca franca, descompensada e precisando de suporte para manter a pressão e otimizar a função cardíaca, seja por drogas vasoativas ou até dispositivos de assistência circulatória, como um coração artificial, são casos extremos, com indicação de transplante. Essas pessoas podem ser priorizadas na recepção do coração, pois estão em estado mais grave”, esclarece.

Já o paciente que está com todas as medicações otimizadas e não tem possibilidade de melhora, mas está em casa, em uma situação mais estável, deve aguardar na fila eletiva para receber um órgão compatível com o perfil dele.

Dr. Tirolli destaca que existem outras duas situações em que o transplante de coração é recomendado. Um dos casos são as arritmias cardíacas que foram tratadas e não cessam, podendo levar à morte. E quando o paciente apresenta angina refratária (dor no peito devido a infarto ou obstrução nas artérias coronárias) que não melhora com tratamento cirúrgico ou cateterismo.

Como funciona a lista de espera para transplantes de órgãos?

A fila de transplantes no Brasil é única por estado ou região. Para receber um órgão, o potencial receptor deve estar inscrito em uma lista de espera que respeita a ordem de inscrição. A lista é monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e por órgãos de controle federais, o que impede que uma pessoa esteja cadastrada em mais de uma lista, ou que a ordem legal não seja obedecida. A inscrição na lista somente pode ser realizada por um médico com autorização vigente, concedida pelo SNT.

O cirurgião vascular Dr. Tirolli esclarece que, muito embora a lista seja chamada de “fila”,  a data de entrada do paciente na relação de pessoas à espera de um coração não é o único critério para receber o órgão. É preciso analisar o perfil do paciente e compatibilidade do órgão do doador em relação ao receptor, considerando a compatibilidade de tipagem sanguínea (como ocorre nas transfusões de sangue) e marcadores genéticos, como antígenos e anticorpos. Se não houver compatibilidade, o coração pode ser rejeitado.

Além disso, pacientes inscritos em caráter priorizado, ou seja, em estado mais grave, com risco de morte iminente, podem receber o coração antes, como é a situação do apresentador Faustão. 

Que partes do corpo podem ser transplantadas? 

Os órgãos mais comumente transplantados são: rins, fígado, coração, pâncreas e pulmões. Podem ser transplantados também: córneas, valvas cardíacas, vasos sanguíneos, segmentos de ossos, ossos longos e particulados, cartilagens, tendões, fáscia lata, pele, estômago e intestino. Parte do fígado, parte do pulmão ou um rim podem ser transplantados de doador vivo, desde que este seja parente do receptor em até quarto grau, ou com autorização judicial.

Como ser um doador de órgãos?

Doar órgãos pode salvar muitas vidas, por isso, se você deseja ser um doador, o primeiro passo é avisar aos familiares sobre o seu desejo, porque a lei brasileira exige o consentimento da família para a retirada de órgãos e tecidos para transplante.

Não é necessário deixar a vontade expressa em documentos ou cartórios, basta que sua família atenda ao seu pedido e autorize a doação de órgãos e tecidos.

Quando você comunica a sua família e amigos que é um doador de órgãos, você facilita o processo de transplantes e pode salvar muitas vidas.

Se você tem um parente doador, respeite a vontade dele.

Dr. Tirolli lembra que doador de órgãos em estado de morte encefálica pode salvar ou oferecer melhor qualidade de vida a até oito pacientes. E sem a oferta de órgãos, muitas pessoas vão falecer ou ter uma qualidade de vida muito prejudicada. 

“A gente que acompanha os pacientes na fila de transplantes sabe como é grande a esperança de conseguir um transplante e, consequentemente, uma qualidade de vida melhor. Muitos não conseguem caminhar, fazer atividades básicas do dia a dia, como tomar banho ou se alimentar adequadamente. A doação de órgãos ainda é escassa, pois alguns órgãos necessitam de condições muito específicas para aproveitamento do órgão. Quanto mais doações, mais pessoas conseguimos salvar”, finaliza.

 Imagem em destaque de stefamerpik no Freepik

Por Comunicação AML – Divulga e Infinita Escrita, com informações de Ministério da Saúde

comunica.aml@aml.com.br

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