Doença causada pelo vírus influenza A em aves pode ser transmitida para humanos pelo contato direto com aves infectadas ou pelo consumo da sua carne
O estado do Rio de Janeiro registrou o terceiro caso de ave silvestre migratória contaminada com influenza aviária (H5N1), a chamada gripe aviária. O trinta-réis-de-bando (Thalasseus acuflavidus) foi encontrado na Ilha do Governador, zona norte do Rio, e o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA-SP) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fez a análise do material da ave em 23 de maio.
Um dia antes, o Mapa havia decretado emergência zoosanitária em todo o território nacional. A intenção é evitar que a doença chegue à produção de aves de subsistência e comercial, além de preservar a fauna silvestre e a saúde humana.
A gripe aviária é uma doença causada pelo vírus influenza A em aves, também conhecida como gripe do frango ou influenza aviária, que pode ser transmitida para humanos principalmente pelo contato direto com aves infectadas ou pelo consumo da sua carne.
Os sintomas da gripe aviária são muito semelhantes aos da gripe comum, incluindo febre, dor de garganta e no corpo, mal-estar, tosse seca, e coriza, mas tendem a evoluir mais rápido, com risco de complicações graves, como dificuldade respiratória, pneumonia ou sangramento. São comuns, ainda, calafrios, fraqueza e dor abdominal.
Os sintomas costumam aparecer entre dois e oito dias depois do contato ou ingestão de carne de algum tipo de ave infectada com o vírus influenza A dos tipos H5N1, H5N8, H7N9, H9N2, H10N3 e H3N8.
O diagnóstico da gripe aviária é feito a partir da avaliação dos sintomas e histórico de contato direto recente com aves vivas ou manuseio ou contato desprotegido com aves cruas ou abatidas. Para confirmar o diagnóstico, o médico deve solicitar exames de sangue e um teste de RT-PCR, em que é coletada uma amostra das secreções do nariz para verificar o tipo de vírus que está causando a infecção.
A transmissão do vírus da gripe aviária para humanos é rara, mas pode acontecer por meio de:
· Contato com penas, fezes ou urina de aves infectadas;
· Inalação de pequenas partículas das secreções do animal doente;
· Ingestão de carne malcozida de aves contaminadas;
· Contato desprotegido com carne crua ou aves abatidas contaminadas.
A transmissão de um doente para outra pessoa não é comum, mas o vírus pode sofrer mutações e promover a contaminação entre pessoas pelo contato com secreções ou gotículas do espirro e tosse.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da gripe aviária deve ser orientado pelo clínico geral ou infectologista, com o objetivo de evitar complicações da infecção e aliviar os sintomas. Podem ser indicados analgésicos para diminuir a dor, antitérmicos para controle da febre e medicamentos para náusea, em caso de vômitos. O médico pode, ainda, receitar medicamentos antivirais nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas.
Em alguns casos, é aconselhada a administração de soro fisiológico diretamente na veia para hidratação e oxigenoterapia para controlar dificuldades respiratórias. Nos casos mais graves, pode ser indicada intubação ou ventilação mecânica.
A gripe aviária tem cura, mas em humanos costuma ser grave e requer atendimento rápido, por isso, em caso de suspeita de contaminação, é importante procurar um serviço médico hospitalar o quanto antes.
Crianças e idosos podem apresentar maiores complicações porque seus corpos demoram mais para reagir e combater o vírus.
Como se proteger?
Para prevenir a gripe aviária são necessárias algumas medidas, como:
· Evitar o contato direto com os animais infectados;
· Usar sempre botas de borracha e luvas ao tratar de aves, tendo todo cuidado de higiene necessária;
· Não tocar em aves mortas ou doentes;
· Não entrar em contato com locais com fezes de aves silvestres;
· Comer carne de aves bem-cozida;
· Lavar as mãos após manusear carne crua de aves.
Em caso de suspeita de que algum animal esteja contaminado ou se encontrar aves mortas, entre em contato com a vigilância sanitária do seu município.
Segundo a médica Clarissa Damaso, virologista e consultora da Organização Mundial de Saúde (OMS), o vírus H5N1 está descendo o continente americano em aves marinhas, mas há casos de infecção em mamíferos como focas, leões marinhos e raposas. “Alguns casos em humanos, mas sem transmissão sustentada.”
“Desde o começo de maio já podemos colocar umas bolinhas na costa brasileira. Sem casos em aves de produção, mas, com a emergência decretada pelo Mapa, fica proibida a realização de feiras e exposições de aves. Importante alertar para quem vai à região de praia, lagos ou parques para não ter contato com aves mortas ou doentes”, alerta a virologista.
Conforme ela, a ocorrência da gripe aviária em 14 países americanos é sem precedentes. “Considerando os casos de 2003 a 2023 em humanos, a taxa de letalidade é de 53%, bem alta mesmo, embora sejam poucos casos em números absolutos, 457 óbitos em 868 casos humanos”, informa a médica, reforçando que a vacina da gripe imuniza apenas contra a influenza sazonal humano (H1N1, H3N2 e influenza B).
Rio de Janeiro
O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) do estado do Rio de Janeiro está monitorando três pessoas que atuaram no recolhimento do trinta-réis-de-bando e, até o momento, nenhuma delas apresenta sintoma gripal.
Ainda em maio, outras duas aves silvestres da mesma espécie foram identificadas em São João da Barra, no Norte Fluminense, e em Cabo Frio, na região dos Lagos, com o vírus H5N1.
A Secretária Estadual de Saúde do Rio de Janeiro orientou os profissionais das unidades de saúde que sigam atentos, durante a triagem e o atendimento médico, a casos de síndrome gripal em pacientes que tiveram contato com animais silvestres. Ações de monitoramento e prevenção para evitar a disseminação do vírus no estado foram intensificadas.
De acordo com os técnicos da SES e da Seappa,não há motivos de preocupação da população sobre epidemia de H5N1, porque, no momento, não há transmissão direta, de pessoa para pessoa. Os técnicos ressaltaram ainda que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves e nem de ovos. “As infecções humanas pelo vírus da Influenza Aviária ocorrem por meio do contato direto com aves infectadas (vivas ou mortas)”, informaram.
Aos criadores de aves de corte ou postura, avicultura de pequena escala e subsistência, a Secretaria de Agricultura sugeriu que intensifiquem as medidas de biossegurança das granjas.
(Com informações da Agência Brasil e Tua Saúde)
Por: Comunicação AML – Divulga e Infinita Escrita
comunica.aml@aml.com.br
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